sábado, 26 de julho de 2014

Escolas do futuro vistas no passado

As escolas do futuro


A tecnologia está a modificar a forma como se estuda. Acesso à internet na sala e aulas gravadas assistidas em casa, fazem parte de um mundo novo.


Pensar em escolas do futuro não passa por imaginar salas de aulas completamente equipadas com computadores. Isso já é realidade em alguns lugares, mas não basta, nem tem resultados garantidos. No Perú, depois de terem sido distribuidos mais de 850 mil computadores pelas escolas, não se notaram quaisquer melhorias nos testes de leitura e de matemática. Nas escolas do futuro os alunos têm acesso à internet nas salas de aulas - mas só conseguem aceder a conteúdos relacionados com as matérias de estudo -, e podem estudar em casa os conteúdos que os professores fazem chegar aos seus computadores e iPads. Melhor ainda é que mesmo à distância, os professores conseguem avaliar o seu desempenho.

O próprio desenho das escolas começa a ser alterado para se adaptar aos novos tempos. Na Orestad Gymnasium, em Copenhaga, Dinamarca, num edifício de cinco andares, há apenas algumas salas tradicionais, porque a maioria das atividades são realizadas em espaços de convívio, onde os alunos resolvem, em pequenos grupos, as questões propostas pelos professores. Os alunos não usam cadernos, nem livros, porque tudo é digital, e o seu aproveitamento é superior à média nacional.

Em Nova Iorque, na iSchool, os professores adaptaram as aulas à realidade dos alunos. Se passam muito tempo no computador, então grande parte das aulas a que tem de assistir são online. Mas não se pense que o facto de passarem o dia na internet, significa horas de conversas no Facebook e a ver vídeos malucos no Youtube, porque os conteúdos a que podem aceder são controlados e estão relacionados com as matérias de estudo. Todo o trabalho que os alunos fazem nos computadores é centralizado num software, para que os professores saibam exactamente o que fazem, percebam as suas dificuldades e arranjem formas de as contornar, evitando que se desmotivem. Criada em 2007, esta escola tem conseguido que 95% dos seus alunos entrem na universidade.

Na Noruega, na Bjorgvin Secondary School, em Bergen, a professor de matemática Elisabeth Engum vai mais longe e pratica a chamada 'aula invertida'. Em casa, os alunos assistem a aulas que foram gravadas por Elisabeth, e quando chegam às aulas têm à sua espera exercícios sobre a matéria estudada. É um verdadeiro desafio para professores e alunos, e exige muito mais da parte destes, que não podem chegar às aulas sem terem 'feito o trabalho de casa'.

Este conceito de aprendizagem através de vídeo está cada vez mais disseminado e é um verdadeiro sucesso. Um dos nomes que mais tem contribuído para a sua divulgação é Salman Khan, que começou a gravar aulas de matemática para explicar a matéria a uma prima de 12 anos, e depois de ter recebido um 'empurrão' de Bill Gates, tem mais de 4 mil vídeos gratuitos na internet. As aulas do ex-aluno do MIT, que é formado em matemática, engenharia eléctrica e computação, já foram vistas por mais de 220 milhões de pessoas em todo o mundo. E acaba de chegar a Portugal através da Academia Khan, projeto lançado ontem pela Fundação PT.


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